Às margens do Danúbio na Hungria, localiza-se a pequena Szentendre, uma charmosa cidade barroca que é um bate-volta perfeito para quem está visitando Budapeste, e quer explorar além da capital húngara.
Szentendre, que significa Santo André, é conhecida por sua cena artística ativa, com suas diversas galerias de arte, museus, e lojas de artesanato. Além disso, a cidade tem mais de um milênio de história, já passou por ocupação romana, e recebeu imigrantes de diversos povos, entre eles os sérvios, que constituíam grande parte de sua população séculos atrás. A influência de outras culturas marcou não apenas a história de Szentendre, mas também sua arquitetura, religião e gastronomia.
O centro histórico da cidade é pequeno e é fácil de ser explorado a pé. Suas ruelas com chão de pedra e casas coloridas são convidativas para caminhar. Visitei Szentendre em um dia nublado de inverno, e o clima era de tranquilidade, principalmente na parte da manhã, quando as ruas vazias pareciam ser minhas. Imagino que durante o verão a vibe seja completamente diferente. Provavelmente Szentendre é muito mais animada e movimentada em uma tarde ensolarada e quente. Mas no dia que eu estive lá, o que reinou foi a calmaria (e o frio).

Dia nublado em Szentendre

Centro histórico tranquilo no inverno

O que fazer em Szentendre
Szentendre é pequena, mas possui atrações suficientes para preencher um dia de passeio.
Para começar, caminhe pela rua principal, a Dumtsa Jenő, que te leva até o centro histórico, e é repleta de restaurantes e lojinhas. Ali no coração do centro histórico está localizada a Fő Tér, a praça principal de Szentendre, que é rodeada de casas barrocas coloridas que já foram propriedades de ricos comerciantes sérvios. No centro da praça tem uma cruz barroca de 1763, colocada ali para comemorar o fato da peste não ter devastado a cidade. Ainda na Fő tér fica a Blagoveštenska Templom, uma igreja ortodoxa sérvia – assim como a maioria das igrejas na cidade. Eu não consegui visitar a igreja por dentro, pois estava fechada todas as vezes que passei na frente.

Dumtsa Jenő, a rua charmosa que te leva até o centro histórico de Szentendre

Uma das muitas ruelas de Szentendre

Blagoveštenska Templom

Desenho da praça principal de Szentendre
O centro histórico de Szentendre é bem preservado. O que mais me agradou na cidade foi explorar suas ruelas, que são uma graça e sem dúvida rendem boas fotos. Além das graciosas ruas e becos, o centro também é recheado de lojinhas vendendo produtos típicos da Hungria, como pimentas, roupas tradicionais e artesanato, além de souvenires.
Não deixe de passear também pela orla do Rio Danúbio, pois o local é muito agradável para caminhar. De frente para o rio tem alguns restaurantes com mesas na calçada, que devem bombar no verão.




A bela paisagem do Rio Danúbio a partir da orla de Szentendre

Dos amigos que fiz em Szentendre

Falso Banksy no centro histórico de Szentendre

Loja com produtos húngaros típicos

Pimentas, um dos símbolos da Hungria
Não cheguei a entrar em nenhum museu, mas a cidade é cheia deles. Entre os mais famosos está o Kovács Margit Múzeum, dedicado a artista ceramista húngara Margit Kovács (1902–1977). Um outro museu famoso é o Szamos Marcipán Múzeum, dedicado ao marzipã, que é super popular na Hungria. Apesar de não ter entrado no museu, visitei sua loja, que tem uma grande variedade de doces.
Onde comer em Szentendre
Szentendre é uma cidade húngara com influências sérvias, e isso é refletido na gastronomia local. E foi nessa gastronomia que eu foquei quando bateu a fome do almoço.
O restaurante escolhido para que eu fizesse minha única refeição na cidade foi o Corner Panzió Étterem (Duna Korzó 4), que tem várias especialidades sérvias no menu. O restaurante não tem nenhum luxo, mas em contrapartida a vibe é gostosa e familiar, e a comida – como constatei logo na primeira garfada – é boa.
Minha escolha de prato (de acordo com a descrição do menu, e não porque eu conhecia) foi o karađorđeva šnicla, bife de carne de porco recheado com presunto e queijo. Eu nunca tinha visto foto desse prato impronunciável, então o que chegasse na mesa eu assumiria como certo. O presunto só apareceu na descrição do menu, mas a comida estava bem saborosa.
No entanto, para quem quiser fazer uma refeição mais rápida – e mais barata -, o esquema é focar no langos, a comida de rua típica da Hungria, encontrado facilmente em qualquer cidade húngara. O langos é uma massa achatada frita servida com algumas coberturas. A cobertura mais tradicional é de sour cream e queijo, mas as opções são bem variadas, vai do gosto do cliente.


Meu prato sérvio: Karađorđeva šnicla

A sobremesa ficou por conta dos doces de marzipã da loja do Szamos Marcipán Múzeum
Como chegar a partir de Budapeste
De trem
Szentendre é de fácil acesso, ou seja, é um bate-volta descomplicado a partir de Budapeste. Basta pegar um trem da HÉV (a linha ferroviária suburbana) na estação Batthyány Tér com destino a Szentendre, que é a última estação da linha. São vários trens por hora, o trajeto é direto e dura em torno de 40 minutos. Aproveite para já comprar a ida e a volta, pois os bilhetes podem ser utilizados em qualquer horário naquele mesmo dia.
Logo que entrar no trem, não se esqueça de validar o bilhete, têm maquininhas dentro dos vagões (perto das portas). Para validá-lo, coloque o bilhete no buraco da máquina, e então puxe a pequena alavanca. Nada é eletrônico. Da estação de trem é possível ir caminhando até o centro histórico da cidade.
O trajeto de trem entre Budapeste e Szentendre é direto, mas eu dei um pouco de azar. Na ida o trem parou do nada, e avisaram algo em húngaro que eu não entendi, já que meu vocabulário na língua é limitado. Mas quando vi todo mundo saindo do trem, achei que deveria fazer o mesmo (siga os locais). Após algumas tentativas frustradas de me comunicar em inglês com os poucos húngaros que se encontravam naquela pequena estação, descobri então qual trem deveria pegar para seguir viagem.
E no retorno, adivinha? O trem parou novamente. Mas ao perceber que nem todo mundo desceu, não me preocupei muito e continuei sentada. Foi então que uma moça me abordou dizendo que se eu estivesse indo para Budapeste, deveria pegar o trem que estava parado na linha oposta (eu devia estar com muita cara turista!). Agradeci, e sem questionar saí correndo antes que fechassem as portas do vagão. Por fim, não descobri o que aconteceu, mas meu palpite é que estavam arrumando algo nos trilhos.
De barco
Outra forma interessante de chegar em Szentendre a partir de Budapeste é de barco. O serviço é reduzido e não funciona o ano todo, então é bom checar antes o site oficial da empresa que opera o transporte, a MAHART PassNave. Os barcos partem da Vigadó Tér, e tem horário na parte da manhã e da tarde. Mas aconselho a ir de manhã para aproveitar melhor o dia. Deve ser agradável chegar em Szentendre navegando pelo Danúbio, até porque a paisagem é linda.

Desenho da pequena estação de trem de Szentendre
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